O torcedor

Cara, eu piro nas crônicas de Ivan Angelo. São muito boas! Remexendo minha coleção, achei uma do ano passado que se chama 'O torcedor'. Assim como todos os outros textos dele, este também é fantástico. Apesar de grande, vou postar aqui porque vale a pena!

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Como nasce um torcedor? Que trama de escolhas leva alguém, desde criança, mas não necessariamente desde criança, a identificar-se com um conjunto de cores, feitos, pessoas, atitudes que formam um time de futebol? A história do clube terá influência? Na fase infantil, é certo que não. Criança não sabe nada das histórias do time, não acumulou títulos na memória, não sabe de jornadas históricas, de jogadas inesquecíveis, de heróis do passado. Não é isso que a fisga, é alguma coisa do presente. O que será? As cores, talvez? Pode ser que uma criança tenha preferência por alguma cor, mas que ela vá ligar isso a um time de futebol, sei não. Para complicar, a maioria dos clubes tem duas cores, alguns três. Alvinegro, rubro-negro, tricolor – esses nomes e as cores que nomeiam terão algum peso na escolha? A influência dos pais é forte, com certeza, mas não definitiva, não vale para todos. O que, então, faz nascer o palmeirense, o flamenguista, o vascaíno, o santista, o botafoguense, o ponte-pretano? As vitórias, as glórias, os gritos dos locutores, o rumor da torcida, os títulos – será isso que faz nascer o torcedor de um clube? Uma coisa parece ser verdadeira: a relação cresce forte é com os times da própria terra, da própria cidade. Torcer é uma forma de bairrismo. Era. Sei lá. Alguém pode até gostar de um Barcelona, um Manchester United, um Boca Juniors – mas acaba sendo só amizade, simpatia. Em futebol, o que conta é amor e paixão. O homem dos estádios pode trair a mulher e até bater nela, mas ao time ele é fiel e trata bem. Essa escolha é um dos mistérios da alma humana, que depois se mostra em impressionantes espetáculos coloridos de cantos, fantasias, pinturas corporais, danças, brados, urros. Ninguém ensaia, e tudo dá certo. Mistério.
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Ele está coberto de razão! E como eu também não sei como explicar o grande mistério, não vou deixar de provocar né!


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