sobre verdades e mentiras

As piores verdades são aquelas que parecem mentira.
As piores mentiras são aquelas que parecem verdade.

contraditório. me corrói as entranhas cogitar a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado. me perfura os pulmões a constatação daquelas coisas que, mesmo quando assumidamente prováveis e esperadas, eu – ingenuamente – negava até o fim que pudessem acontecer.

mas então o que é a verdade, se não tudo aquilo em que acreditamos com todas as nossas forças, até o momento em que não cremos mais? as verdades mudam, e as tuas o fazem numa velocidade que acredito que ninguém seja capaz de acompanhar. no entanto, as nossas verdades, mesmo nuas de significado, mesmo ceticamente analisadas com a frieza de um cirurgião, teimavam em rabiscar sorrisos na minha cara. sorrisos que não saíam em água corrente. mesmo assim, tenho vivido ao pé da letra o ‘dia-após-o-outro’, jamais adornando os dias com os meus costumeiros exageros que conheço bem. é difícil manter os pés no chão enquanto a mente voa.

talvez o que me compete seja justamente diagnosticar a completa inexistência do romance, ou constatar que trata-se de um bobo conceito hipotético. uma ideia que nos inspira, que nos motiva, que nos estufa o peito através de um brusco sopro do mais puro nada. uma isca que nós, mesmo após fisgados sucessivas vezes, seguimos mordendo, constantemente e com convicção. e eu mordi mil vezes e vou morder outras duas mil, justamente por acreditar na ínfima chance de – somente por uma vez – aquilo tudo não ser uma mentira.

quem tem verdade, tem valor.
adpatado.

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