Um tempo pra nós mesmos


Eu sempre ignorei quando algumas pessoas me diziam sobre a importância de reservarmos um momento só pra nós mesmos. De férias, decidi que viajaria pra praia, sozinha. E fui. Levei chuva ao litoral, mas só de ter saído um pouco da vida medíocre e de São Paulo, já valeu um bocado. Estar descalço na areia em meio ao céu nublado e ver a imensidão daquele mar, me emocionou e me trouxe uma paz invejável. Passei horas e horas ali, na areia, sozinha, pensando em tudo e pensando em nada ao mesmo tempo. Molhando os pés na água fria, recolhendo conchas por onde andava, como nos tempos de criança. Como me fez bem. Até  quando ficava no hotel por causa da chuva me fez bem. Andar beirando a praia, vendo gente diferente, andando sem rumo foi inexplicável. 


Ao mesmo tempo que o cenário nos trás a sensação de que todas as coisas ruins foram embora, chega um tsunami de desesperos e questionamentos. Que vida estou levando?! Aonde eu quero chegar?! E a realidade te dá um soco na cara, daqueles de deixar seu olho roxo por uma semana. Eu queria levar uma vida mansa sim, não vou negar. Nunca me imaginei na praia, tomando cerveja e comendo camarão, em plena segunda-feira. Mas como minha realidade não é essa, voltemos para a programação normal. Pensei muito no meu trabalho. Na mudança drástica que foi ter mudado de cargo, ter passado por poucas e boas. Mas olha só, eu consegui. Há muito o que se melhorar, mas eu consegui passar a fase mais difícil, que foi conquistar confiança. Quando a gente precisa conquistar a confiança das pessoas é sempre mais difícil do que lidar com qualquer tipo de máquina ou serviço. Enfim. Mas eu gosto de mudança, mesmo tendo muito medo e receio. Por que não aceitar novas propostas de emprego? Por que não aceitar novos desafios? Vamos ver o que as circunstâncias vão dizer. Só peço pra que Deus me dê paciência, saúde e sabedoria como nunca pra lidar com meu trabalho, essa bomba relógio.

Fiz alguns planos, mas sem estabelecer prazos. Nada de "Daqui 5 anos quero estar assim ou assado". Acho que esse tipo de coisa requer muita cobrança. E eu odeio ter que me cobrar. Não estabeleço prazo porque não gosto de me cobrar mesmo, não que eu não ache necessário. Fiz também algumas promessas, que na minha concepção, são diferentes de planos. Acho que planos, são coisas que a gente se sente na obrigação de fazer. Tipo, terminar a faculdade em tanto tempo, comprar um carro em tanto tempo e assim por diante. Como eu bem me conheço, me sinto imprestável quando não consigo cumprir prazos. Imagine meus próprios prazos?! Ficaria muito puta. Já promessas, eu acho que são coisas que vem do coração. Coisas que eu vejo necessárias pra estar bem comigo mesma. Uma das promessas foi falar ilimitado e falar pessoalmente, me encontrar mais com as pessoas. Largar o celular! Semana passada tive uma experiência assim. Mas deu na telha e resolvi me encontrar com um amigo. Marcamos em um bar qualquer, tomamos algumas cervejas, falamos sobre a vida, contamos piadas e trocamos sorrisos. Não existe coisa mais agradável do que isso, de verdade. E eu quero repetir mais vezes. E nem precisa de tanto. Só de ir ao shopping, tomar um sorvete e ficar sentada na praça de alimentação trocando aquela idéia, acho válido e faz bem pra saúde, por sinal. 

Outra coisa que prometi foi parar de mentir. Nunca menti pra prejudicar alguém. Mas sou um ser humano e coisa pior, eu não poderia ser. Às vezes a gente aumenta um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Sempre mudando o contexto pra esperar dos outros, o que a gente realmente gostaria de ouvir como resposta ou comentário. Que babaca que sou! Só não sou mais babaca porque admito que minto de vez em quando... Admitir as coisas também entra num quesito delicado. O orgulho. Eu sou muito orgulhosa e isso dói na alma, dá vontade de chorar. Meu coração às vezes pede pra que eu peça perdão pra alguém que eu magoei ou falar alguma coisa sobre as pessoas para as pessoas. Mas o problema é que eu tenho preguiça das pessoas. Acho que de tanto levar porrada nas costas. Meu irmão sempre me diz, que quando uma pessoa "te bate", você deve retribuir com uma flor. Só que eu canso. E não faço mais por sempre receber porrada mesmo. Talvez um dia eu me arrependa, mas..

Mais do que planos e promessas, algo ainda ficou mais forte dentre todos os meus lemas. O termo "Pague Minhas Contas!". Palpite e intromissão é uma coisa que na minha vida prevalece. Isso pra mim vai muito mais além do que opiniar sobre minha vida. Pra mim, isso tem a ver com o que as pessoas esperam de mim, sobre o que as pessoas gostariam que eu fizesse para agradá-las e deixá-las satisfeitas. E eu sempre usei este argumento. O que eu faço, o que eu digo, o que eu acho, só diz respeito à mim. Caso queiram opinar ou colocar o dedinho podre, só chegar em casa e ver meu bolinho de conta pra pagar e escolher uma. hehehe

Voltando à importância de se ter um tempo pra nós mesmos, repito. Mesmo com a bagunça que é nossas vidas, guarde um final de semana pra você. Guarde 1 semana, 2 horas, que seja. Seja pra você cuidar do seu cabelo, seja pra você cuidar da sua pele. Mas tenha um tempo pra você. Pegue um fone de ouvido, um livro, saia sem rumo. Vá ao parque, sente e fique lá, sem fazer nada mesmo. Coisas assim nos proporciona um terremoto de pensamentos, dúvidas e conclusões. A impressão que dá é que a gente vai ficar louco, mas não ficamos. É só impressão mesmo. rs 

Segunda-feira que vem o ano começa pra mim, pra valer. Adeus vida mansa, seja bem vinda de volta, vida corrida. E que Deus me proteja!

E lembrem-se: Felicidade não tem nada a ver com o que as pessoas esperam da gente. ;D