uma noite no hospital

Eu odeio hospital. não gosto nem de passar perto, eu sinto aflição e agonia. Não gosto do clima, do rosto apreensivo e da preocupação estampada até no rosto da recepcionista. Corredores vazios, gritos, gemidos de dor, noites frias e tristes. Lembro que um dia estava no pronto socorro por uma dor horrível de ouvido, quando me dei conta de que uma enfermeira estava me chamando. "Moça, você pode me ajudar?!" E eu espantada apontei o dedo contra eu mesma e disse: "Eu? Tem certeza?" E ela quase impaciante: "É, você mesma". Me levantei e fui até onde ela estava. Para meu desespero, ela pediu para que eu a ajudasse a segurar uma criança aos berros prestes à tomar injeção. Sabe quando seu coração acelera? Então... Segurei a criança e chorei junto com ela. A enfermeira então me perguntou se eu estava bem e eu disse que a dor de ouvido tinha aumentado, apenas. E ela riu. Deve ter pensado que eu sou uma cagona. Na verdade eu sou mesmo, mas enfim. Recentemente tive que ficar com meu pai no hospital. Eu não sei o que é pior: ficar no hospital ou ficar no hospital com ele. A gente se estranha, mas eu daria tudo para estar no lugar dele já passou por tanta coisa. Eu não sei se estou certa em dizer isso, mas ter acontecido esse pequeno acidente com ele após uma longa e feia discussão, parece até ter sido de propósito para nos aproximar um pouco. Foi uma das pouquíssimas  vezes em anos que ele disse estar feliz em me ver. Eu disfarcei, mas desmoronei depois. Eu tenho meus motivos, mas não vem ao caso no momento. Eu vi muita coisa durante esse tempo de ida e vinda ao hospital. E é por isso que eu digo que nós temos o dever, a obrigação de agradecer à Deus por termos saúde e por levarmos a vida que levamos, embora todas as dificuldades. Apesar de ter um pouco de receio, eu me entretenho bastanho. Saio pra lá e pra cá conversando com todo mundo, tentando saber das coisas, porque eu gosto de ouvir histórias de vida. Triste ou feliz, faz bem, faz a gente parar pra pensar um pouquinho. E eu me coloco no lugar de todas as pessoas cujo estão em situações completamente diferente da minha. Me pergunto e tento imaginar se eu teria força o suficiente para vencer todos os obstáculos e dificuldades de uma mãe que tem um filho com necessidades especiais, uma doença rara, que apenas 10 pessoas no país possuem. O que você faria? E se você estivesse numa cama de hospital sem ao mesmo saber seu próprio nome? E se você não tivesse ninguém na vida, e se fosse você? São perguntas que eu sinceramente não sei responder. Mas são situações que nos fazem enxergar certas coisas que nunca passaram pela nossa cabeça. E isso é bom, é bom pra refletir e agradecer.

Pensem nisso!

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